4 de dezembro de 2013

Camp Idol - 04

Postado por Imagine Belieber às 4.12.13 1 comentários
3 horas depois
- Vai demorar muito? – perguntei esparramada no chão.
Antes que Justin me respondesse, chamaram 531. Justin continuou imóvel e eu comecei a puxar seu braço. Até um garoto de olhos azuis se virar para mim com cara de interrogação. Por que tinham que vestir a mesma blusa?
Virei para o outro lado, e vi Justin se curvando de tanto rir. Corri até ele.
- Não faça nenhum comentário. – disse e ele riu mais.
- QUINHENTOS E TRINTA E UM! – gritou a gordinha, nervosa. Só não mando ela ir pescar porque eu acho que pescar deve dar ainda mais raiva. E porque os lagos de Stratford estão congelados.
- Somos o 531. – Justin disse para a gordinha.
- Estão atrasados ou surdos? – ela perguntou.
- Estamos com pressa. Dá para dizer onde é o lugar das audições? Que aliás, acho que é esse o seu trabalho. – disse e Justin reprimiu um sorriso. A gordinha revirou os olhos e depois a seguimos nos corredores largos do teatro.
Assim que chegamos na porta do lugar das audições, uma garota morena nos orientou para não deixar o lugar que estava demarcado no chão, e que se isso acontecesse iriam chamar a segurança. Só uma palavra sobre isso:
FRESCURITE.
Ela também nos entregou dois microfones e falou que assim que nos chamassem poderíamos entrar. Eu colei o ouvido na porta até a tiazinha falar que era para eu parar de fazer isso. Mas eu só queria saber se a minha vez estava chegando.
- Justin – o chamei – Eu acho que eu vou morrer. – disse meio engasgada. – Meu coração ta batendo muito rápido.
- Isso só é nervosismo. – ele disse.
Respirei fundo (com fôlego é mais fácil gritar) e soltei:
- NERVOSISMO?! – berrei – VOCÊ VAI VER QUEM ESTÁ NERVOSA!
Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, e acredite, eu sei lutar (anos de prática com a minha irmã), a tiazinha tampou minha boca e me passou um sermão. Se eu continuasse gritando e etc, eu ia ter que me retirar junto com Justin e a chance dele ia para o beleléu.
De modo que eu disse para a garota que ia me controlar e até pedi desculpas. Para redimir minha situação eu falei (na orelha dela, claro) que estava de TPM. O que é uma mentira, mas ela até sorriu para mim e disse que sabia como era. Essa é a mentira mais perfeita que existe.
Justin estava inquieto e quase caiu para frente quando a garota abriu a porta chorando e falando uma língua alienígena (sério, não entendo porque as pessoas cismam em chorar e falar ao mesmo tempo), e o empurrou. Eu estava paralisada vendo a menina-alienígena até que a voz gritando...
- PRÓXIMO!
É agora que eu vou morrer. Ou vomitar. Ou morrer vomitando. Alguém me arruma um caixão? Ou um balde? Ou os dois?
Peguei o microfone e olhei para Justin que disse sem emitir som: Count on me.
Eu não sabia se era porque eu podia contar com ele (mas eu sabia que sim) ou para me lembrar a música que iríamos cantar. Acho que um pouco dos dois.
Entramos no teatro, subimos no palquinho e olhamos para os três jurados. Ficamos no círculo demarcado exatamente como pediram e esperamos que alguém dissesse algo.
Um cara alto, de cabelo loiro na altura dos ombros pigarreou e leu o papel amarelo.
- Elizabeth Ma...
- Lizzie. – tudo bem, odeio meu nome e juro que isso foi automático.
- O quê? – o cara perguntou.
- Me chame de Lizzie. – disse bem alto, o homem olhou para mim e mandou um daqueles sorrisos irônicos. Aqueles que eu gosto tanto que dá vontade de arrancar todos os dentes e leva-los para mim.
- Eizabeth Mayflower e Justin Bieber, ou você quer que eu te chame de Juju? – ele perguntou para Justin que sorriu educadamente (sabia que era só por educação) e ele prosseguiu.
- Então Elizabeth... – falou e eu tomei fôlego para falar mais alto que era Lizzie, mas a jurada que estava sentada no meio, olhou para o cara que estava teimando em me chamar de Elizabeth e depois para mim. Eu olhei para ela cheia de esperança, juro que pensei que ela ia falar para ele parar de me chamar pelo meu nome, mas ela olhou para mim e disse:
- Querida, use o microfone.
Eu corei e só aí percebi que não estava usando mesmo.  A jurada que eu pensei ser a boazinha (sempre tem uma boazinha!) revirou os olhos e fez umas anotações.
O terceiro jurado era negro e careca. Eu olhei para ele e antes que minha mente pudesse raciocinar, gritei no microfone:

- Eu conheço você! Você é o cara que cozinha! Minha mãe é a maior fã sua!
Ele sorriu e pediu para que cantássemos.
Mas bem nessa hora, colocaram uma merda de holofote na minha cara. Eu não conseguia enxergar. E a batida começou.
Sabe eu sendo uma mulher, e tudo o mais, deveria ter aquele superpoder de se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo. Mas eu não conseguiria abrir os olhos e cantar a música.
CARAMBA.
ESQUECIA A LETRA DA MÚSICA.
Assim que ouvi as batidas, e tudo o mais, meu sangue congelou. Eu não queria arruinar a chance de Justin, de modo que quando ele começou a cantar a primeira parte da música.
"If you ever find yourself stuck in the middle of the sea
I'll sail the world to find you
If you ever find yourself lost in the dark and you
can't see
I'll be the light to guide you"
Já estava na minha deixa e a única coisa que eu pensava era:
PUTA QUE O PARIU, O QUE EU FAÇO?!
Aí, do nada, ou por instinto, me joguei no chão. Não me joguei tipo pedindo um abraço ou um beijo para o chão, mas do jeito que finjo que desmaio. Acho que foi convincente, porque as luzes foram apagadas...
Se bem que nesse momento eu poderia estar morta. Porque sabe, eu não sei fingir um desmaio tão bem assim, de modo que eu bati a cabeça com tudo no chão. E minha visão estava escura. Mas eu estava de olhos fechados, então...
Não. Eu ainda estava viva, porque eu estava ouvindo as vozes dos meus jurados.
- Ela desmaiou! – a jurada disse meio que desesperada. Logo ouvi os passos do salto batendo no chão.
Justin provavelmente estava ajoelhado do meu lado, e passava a mão no meu rosto. Fazia cócegas, e eu estava com vontade de rir. E aonde Justin arrumou aquelas mãos tão macias? Será que ele está usando os hidratantes da mãe dele?
- Acho que devemos dar uns tapas para ver se ela acorda. – sugeriu a mulher.
- Sabe, Ann, ela não está dormindo. Acho que deveríamos dar uns tapas em você. – o jurado que cismava em me chamar de Elizabeth disse. O cheff de cozinha que minha mãe adorava, disse:
- Tudo bem, mas o que faremos? – ele perguntou. O único sensato daquela sala.
- já sei! – a jurada disse – Que tal jogarmos água nela?
E a cada segundo eu gosto menos dela.
- Ela não está dormindo. – disseram os dois jurados em coro.
- Eu – dizia o chefe de cozinha – já liguei para a ambulância, eles já estão vindo.
Tudo bem, eu teria que “acordar” antes, mas como eu faria isso? Eu nunca nem desmaiei de verdade.
- Ahn – Justin disse e se eu o conheço ele estava coçando a cabeça – Poderíamos tentar respiração boca a boca.
- Isso! – disse o senhor-implicância-com-meu-nome – Alguém aí sabe?
Silêncio mortal. Justin pigarreou.
- Eu sei.
E quando Justin estava se aproximando, eu até cheguei a sentir a sua respiração bater contra meu rosto, eu levantei da maneira mais babaca possível:
- Oi. O que está acontecendo? – disse fingindo estar confusa.
- Você desmaiou. – a jurada disse. Fiz uma cara de surpresa. – Está tudo bem?
- Está. - sorri sem mostrar os dentes. O único lucro que tive foi que a letra veio na minha cabeça, nesse meio tempo.
- Eu já liguei para a ambulância, acho que é melhor vocês esperarem lá fora. – ele disse.
- NÃO! – falei meio desesperada, mas é claro que eu não estava “meio” desesperada, porque eu estava COMPLETAMENTE desesperada – Eu consigo fazer o teste. – disse.
- Não é melhor... – o cheff foi bruscamente interrompido pelo senhor implicância.
- Deixe.
- Obrigada, é nosso sonho. – sorri. Não era NOSSO sonho, era do Justin, mas soaria muito egoísta se eu dissesse isso. E pareceria que ele me arrastou para cá, mas mesmo isso sendo verdade, não quero que o público saiba. Porque Justin – mesmo que seja estranho admitir - é bonito (as garotas vão votar nele só pelo corpo), e tem simpatia. Enquanto eu pareço uma lesma andando. Ou me arrastando. Lesmas andam ou se arrastam?
Dessa vez fechei os olhos por conta da luz dos holofotes e Justin começou. Eu meio que sem querer deixei meu corpo balançar só um pouquinho por causa da música, o que não sei se ficou bom, mas me relaxou. Então eu cantei. Cantei mesmo, fingindo que o microfone que eu estava segurando era meu desodorante e que eu estava no banho. Como eu sempre cantei.
Terminamos e eu abri os olhos. Minhas pernas agora tremiam.

28 de novembro de 2013

Camp Idol - 03

Postado por Imagine Belieber às 28.11.13 1 comentários
Seguimos até o teatro. Lá estava cheio, com pessoas sentadas no chão ou escoradas nas paredes.
- Isso é por ordem de chegada? – perguntei.
- Espero que não. – Justin respondeu e permanecemos de pé, em um canto do teatro.
Eu estava nervosa, ficava mordendo a parte de dentro da bochecha. Vez ou outra eu encarava as pessoas da enorme fila.
- Justin, por que tá todo mundo com um papel amarelo na mão e a gente não?
- Não sei, vou ver.
Segundos depois, Justin chegou com o papel amarelo em mãos.
- E então...
- É o número que a gente vai entrar e nossos dados que já estavam armazenados aí. – disse ele, dando de ombros.
- E qual é o nosso número? – perguntei.
- 531.
- E qual é a apresentação de agora?
- Eu perguntei para a atendente e eu acho que a dez ou a doze.
Arregalei os olhos.
- Tudo isso?!
- Ninguém disse que seria fácil. – disse e piscou para mim.
- É. Ninguém disse que eu estava inscrita nessa coisa também.
Ele riu e eu voltei os olhos para a sala repleta de pessoas. E aliás, para um que saía – chorando ou hiper feliz - , dez entravam. O pior é que não tinham televisões que mostravam as apresentações de quem entrava, de modo que tive de adivinhar se a pessoa passou ou não pela expressão de seu rosto. Pelo menos o prêmio era de 2 milhões de dólares.
E o nervosismo – uma sensação que eu não sentia faz tempo – ia me dominando aos poucos.
E as pessoas que estavam na enorme fila tinham cara, jeito E roupa de cantores.
O que me faz lembrar que estou com um moletom do Bob Esponja.
- Justin, me leva para trocar de roupa? – perguntei.
- Por que Lizzie?
- Olha a roupa do povo e olha a minha. – ele comparou ambas e me respondeu:
- Eu disse para você se arrumar. – riu pelo nariz.
- Isso é golpe baixo! – protestei. – Vai, Bieber, não custa nada.
- Que eu saiba gasolina não é de graça. – disse ele.
Eu até falaria que eu pagaria, mas sabe como é, eu estava dura. Sem grana. Totalmente falida. Mas para falir eu acho que antes tinha que ter algum dinheiro, o que não é o meu caso. Enfim, cruzei os braços tentando esconder a roupa mais infantil do século e coloquei a cabeça entre meus joelhos.
Senti leves cutucões no meu braço e então já me preparei para rodar a baiana. Eu odeio que me cutuquem pelo facebook, mas garanto que cutucar ao vivo é MUITO mais irritante.
- O que foi Jus...?! – parei ao ver grandes olhos verdes olhando para mim.
- Hum. Oi. – disse ele passando a mão pela nuca.
- Oi.
- Tudo bem? – perguntou já se sentando ao meu lado.
- Tudo. – eu sei que eu só estava respondendo por educação, e que se era para ser educada, eu tinha que perguntar se ele estava bem, mas é óbvio que o mané estava bem. Ele estava até me cutucando.
- E então, o que você vai fazer?
Não acredito. O cara ficou um milênio pensando em uma pergunta e ele me faz uma pergunta dessas?
- O mesmo que você. – disse e ele riu. Só eu que não vejo graça no que eu falo?
- Ta, essa foi uma pergunta idiota. – disse ele me olhando nos olhos e se aproximando um pouco mais. Pelo visto não é só a pergunta que é idiota.
Na boa, eu deveria andar com uma placa de “MANTENHA A DISTÂNCIA” pendurada no pescoço, para ver se assim as pessoas respeitariam minha zona de privacidade.
- Então a gatinha tem namorado? – perguntou ele.
- A gatinha eu não sei, mas eu tenho. – disse brava vendo sua reação de surpresa. Me aliviei quando vi Justin vindo com um copo da água para mim – Né amor? – falei mais alto assim que ele se aproximou.
Ele me olhou confuso e eu fiz sinal com a cabeça para o senhor olhos verdes e ele entendeu. Eu acho. É só que eu já quebrei tanto galho para ele que se ele não quebrasse esse para mim a única coisa quebrada seria a cara dele.
- O que foi Lizzie? – disse ele chegando mais perto e eu pegando o copo de suas mãos.
- Owwn, você trouxe água para mim? – perguntei com a voz mais melosa possível e ele fez que sim me entregando o copo de plástico. Juro que se ele falasse algo do tipo “é, você não pediu?”, eu o mataria.
Nos abraçamos e quando olhei de volta o menino já tinha saído.
 - Ele já foi. – disse agora no meu tom de voz normal e soltei Justin.
- Porra Lizzie, ninguém nunca te quer, quando aparece um desesperado você recusa?
- Cala a tua boca. – disse rindo.
- E o que foi aquilo de “owwn, você trouxe água para mim?”? – perguntou e nós rimos. Realmente água não é uma das coisas mais românticas do mundo.
- E o garoto te quis com esse moletom velho do Bob Esponja! – disse ele e eu revirei os olhos.
- Já chega desse assunto. – disse brava.
- O quê? Não quer mais falar por quê? Se arrependeu da decisão?
- A única coisa que vou me arrepender é de ter vindo aqui se você não calar essa boca.

Falei e ele emitiu um "uh". 

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Não ta dando para comentar, né? Por isso coloquei ali em cima um negócio de "reações". Por favor, assim que lerem, cliquem no que mais se assemelha com o que acharam. Não sei por que carga d'águas eu não consigo colocar aqui no final. :(
Ah, sobre a belieber que comentou no primeiro capítulo, a resposta ta embaixo do seu comentários, ok? Vou arrumar aqui, deixar bem bonitinho e postar com mais frequência.
Beijos,
Audrey. 

26 de novembro de 2013

O passado e o que ficou

Postado por Imagine Belieber às 26.11.13 0 comentários
“Passado é prisão que só nós mesmos podemos nos libertar” era o que Joaquina pensava naquela manhã ensolarada e transcrevia em seu diário “e assim como todas as prisões nós que escolhemos irmos para lá”.
Suspirou e fechou seu caderno pink. Estava tão arrependida. Não deveria tê-lo deixado escapar. Deveria ter entregado a carta antes e não se afogar na zona de conforto a qual está habituada. Sentimentos são complicados, mas mais complicado do que eles é o reencontro depois de um triângulo.
Se tivesse como escolher melhor... Ela não estaria aqui. Quis como nunca se tele transportar. Mentira, ela queria mesmo era voltar no tempo e ter feito as coisas diferentes. Odiava sentir que poderia ter feito mais e talvez a posição das pessoas fosse diferente. Odiava sentir que seu coração batia nas melodias de “When I was your man” e “Epitáfio”.
Toc, toc, toc.
- Jô, já está quase na hora. – a voz apreensiva de sua mãe preencheu o ambiente.
- Já desço. – ela disse se levantando vagarosamente.
Se pudesse voltar no tempo, voltaria apenas alguns minutos para desfazer o cabelo ruivo emaranhado. Teria tomado um banho e talvez feito as unhas roídas. Joaquina então colocou o vestido curto de seda vermelha que contrastava com sua pele cor de leite. Desfez os nós e prendeu o cabelo comprido em uma trança desarrumada. Brincos de pérola e um pouco de rímel. Suas típicas sapatilhas.
Estava pronta, mas não se sentia pronta. Mesmo assim, um tempo depois estava no gramado perfeito, sentada em um dos bancos rústicos de madeira.
Um Eduardo mais velho e com a barba por fazer esperava no altar. Joaquina odiava quando ele deixava a barba daquele jeito. Ele sorriu hesitante e ela lhe sorriu de volta. Edu se surpreendeu e o jeito como mexia nas mãos demonstrava seu nervosismo.
A marcha nupcial começou a tocar. Uma Amanda com sorriso até as orelhas, magérrima e com vestido branco entrou.
Naquele momento, Joaquina não sentira raiva ou rancor. Não depois de ter sentido de perto a áurea que os protegia tão intensamente. Não importava o show que ela tinha dado quando descobriu o que rolava entre os dois. Droga! Queria ter percebido isso antes de brigar com duas das pessoas mais importantes de sua vida.
Mas com um pesar percebeu que isso não era possível. Não em 2013. Com um pouco de raiva pensou nas palavras escritas de manhã. Eram partes tão diferentes de sim mesma que pareciam duas almas presas em um só corpo. Como uma adolescente que abrigava a criança e o adulto. Uma parte dela queria se enrolar no passado como se fosse seu edredom velho e nunca mais sair, a outra gritava por socorro.
Foi nesse momento que percebeu um garoto de terno preto e estatura mediana. O cabelo castanho escuro jogado para o lado e com um sorriso nos lábios. Olhava para ela, diretamente para ela. Rafa? Esse era o Rafael?
Constrangida, fingiu arrumar uma mecha de cabelo atrás da orelha, onde passou por sua cicatriz. A cicatriz de quando caíra da macieira marcou para sempre sua maçã do rosto. A cicatriz de seu coração. A correntinha que herdara de seu bisavô. Tudo isso era ela. Ela é o passado em forma sólida e não queria mudar nada. Os erros traziam aprendizado, o que de certa forma trazia felicidade.
A mensagem do filme “As vantagens de ser invisível” lhe veio à mente: não escolhemos de onde saímos, mas escolhemos para onde iremos. 
O único jeito de mudar o passado é aceitando o presente. E mudando o presente que um dia será nosso passado. Tudo está no jeito como você enxerga as coisas. E ela enxergava o infinito.
Decidiu sorrir de volta.
E finalmente encontrou a chave de sua prisão particular.

- Audrey Tamy Matsumoto para DDQ

22 de novembro de 2013

Camp Idol (capítulo 02)

Postado por Imagine Belieber às 22.11.13 2 comentários
Conseguimos então fazer o difícil percurso de 10 metros da minha casa até o carro. Sentei, coloquei o cinto de segurança e seguimos até...
- Justin, onde estamos indo mesmo? – perguntei e ele balançou a cabeça em diversos “nãos” seguidos.
- Quando chegarmos você verá.
- Vai Justin, fala aí. – insisti.
- Por que você quer tanto saber?
- Porque você poderia muito bem me sequestrar! – falei, em um tom que o fez gargalhar.
- Não, Lizzie, não poderia. E aliás, você acha que sua mãe pagaria para te ter volta? Ela me pagaria para eu ficar com você. – rimos. Talvez fosse verdade mesmo.
- Liga o rádio aí. – pedi e assim ele fez.
- BRUNO MARSSSS! – gritei e Justin revirou os olhos.
- Não gosto dessa música. É tão idiota. – ele declarou e desligou o rádio.
- Você não gosta da tua vida, isso sim. Todas as músicas dele são perfeitas. Não ouse falar que a letra é idiota se não quiser desaparecer misteriosamente. – disse de olhos semicerrados e liguei o rádio novamente.
- Para que Bruno Mars se você tem a mim? – falou me olhando de canto de olho e com sua voz rouca baixa.
- Isso não funciona comigo. – disse.
- O que não funciona com você? – perguntou fingindo inocência.
- Esse negócio de tentar ser sexy. Não funciona. Porque você não é. – ele riu e eu ri junto para variar. – então Justin, onde estamos indo mesmo?
- Não adianta Liz. – ele disse e reprimiu um sorriso.
Bufei e fitei a estrada a nossa frente. A música já tinha acabado e uma vinheta começou. Era estranho como parecia que eu a conhecia de algum lugar...
Mas não deu tempo de ver da onde era. De um comercial de detergente, talvez, mas tenho quase certeza que não. Parecia que a resposta estava na ponta da língua quando Justin desligou o rádio.
Os minutos seguintes se resumiram em eu tentar lembrar de onde a música agitada era.
Como um flash, lembrei.
- Justin, você vai participar do Camp Idol? – perguntei.
Ele parou o carro e sorriu abertamente para mim:
- Isso responde sua pergunta?
Olhei através da janela e percebi onde estávamos. Avon Theatre, onde todos os eventos importantes da cidade ocorrem. Se tiver algum evento que não ocorre lá, é porque não é importante ou grande o suficiente. E o Camp Idol é importante E grande, e é o lugar onde estávamos parados.
Quero dizer, por qual outro motivo teria um outdoor com o logo amarelo e vermelho próximo a entrada do teatro? E esse fluxo grande de pessoas?
- Finalmente! Você vai ganhar! – disse, animada. Justin às vezes não acreditava no talento que tinha e isso nos fazia discutir.
- Nós vamos ganhar. – corrigiu ele.
- Então você vai dividir o dinheiro comigo? – sorri e pisquei os olhos rapidamente, uma imitação fajuta das líderes de torcida com os cílios postiços tentando parecer sexy.
- Lizzie para de ser lerda. – ele revirou os olhos – Eu e você, juntos, vamos ganhar o Camp Idol.
Abri a boca e não consegui dizer nada, de modo que tenho certeza de que pareci uma idiota. Uma idiota confusa...

- Lizzie – deu um longo suspiro – você vai participar do Camp Idol comigo.
Fechei os olhos e contei até três mentalmente.
- Lizzie? – chamou ele, dando tapinhas leves em meu antebraço.
- Justin – abri meus olhos esverdeados – participa você. – sorri sem graça.
- Não Lizzie. – ele respondeu, o olhar penetrando minha alma.
- Por que não? – perguntei um pouco frustrada. Se eu participasse com ele, iria afundá-lo e desperdiçar sua única chance.
Sim, sua única chance. Eu sei que o Camp Idol acontece todos os anos, porém esse ano é o único de Justin – e meu – antes dele começar a trabalhar ou fazer faculdade, e consequentemente se mudar de Stratford. Com seus dotes musicais, ele provavelmente vai entrar em Julliard, mas isso não vem ao caso. E esse é o único ano livre e eu não posso arruiná-lo. É a chance da vida dele.
- Porque esse ano as inscrições foram feitas online, e eu nos inscrevi como uma dupla. – ele parou e respirou fundo - Se você não participar, eu não participo.
Agora é definitivo. Eu vou afundá-lo.
- Justin... – tentei argumentar.
- Lizzie, por favor.
Abaixei a cabeça e fiquei quieta. Eu não conseguia acreditar naquilo dele nos inscrever como dupla. Eu não conseguia acreditar porque eu iria fazê-lo perder e, portanto arruinar seu sonho de infância.
- Sabe o que mais me frustra? – ele perguntou, quebrando o silêncio. Levantei a cabeça e fiz que não com ela. – É você não acreditar em você mesma, Lizzie. É claro que você pode subir no palco e cantar como quando você canta comigo.
- Justin, você não entende. – ri sem humor – Eu vou estragar sua chance.
- Lizzie, na boa, para de graça senão a gente vai brigar aqui mesmo. Eu acredito em você, ou você acha que eu iria te inscrever comigo para a gente passar vergonha em rede nacional?
Sorri fraco.
- E se – continuou ele – eu te inscrevi comigo é porque eu quero que cante junto comigo.
- Mas e se nós perdermos? – perguntei num fio de voz.
- Nós vamos perder juntos. Como sempre. – ele sorriu e eu sorri junto.
- Mas Justin, eu não canto bem. – disse e ele suspirou.
- Não começa. Quando você canta todo mundo fica quieto para te escutar. E por que você acha que as professoras imploram para você cantar no show de talentos?
Fiquei quieta.
- Porque elas querem que tenha alguma coisa interessante no show.
- Tudo bem. – respirei fundo.
- Vamos nos apresentar juntos? – perguntou ele de testa franzida.
- Sempre. – sorri e saímos do carro. 

13 de novembro de 2013

Camp Idol (capítulo 1)

Postado por Imagine Belieber às 13.11.13 6 comentários
Amigo estou aqui...  
Amigo estou aqui... ♪
Meio desnorteada, peguei meu telefone e vi o visor.  Babaca#1. Nem sei por que fiz isso, já que o toque de chamada já indicava quem era.
- Vai se ferrar. – disse ao atender o celular.
- Bom dia para você também, Lizzie. – pude ouvir seu riso do outro lado da linha. Bufei e afastei o celular da minha orelha pronta para desligá-lo. – Não desliga ainda. – respirei fundo e reposicionei o celular na minha orelha.
- Você tem 60 segundos Bieber.
- Ui, está brava. – pude ouvir seu riso. Isso me irritou. Eu não estava achando graça nenhuma.
- Não, não estou. – disse séria.
- Não foi uma pergunta, e você está sim. – falou em um tom sério, mas ainda assim, pude ouvir um vestígio de gozação em sua voz.
- Não estou! – falei, agora sim, brava.
- Está sim! – me provocou. Como eu ainda caio no joguinho do Justin para me irritar eu não sei, mas caio. Como hoje. Como agora.
- Não estou! – protestei.
- Está!  - ouvi sua risada.
- Vamos Bieber. Você só tem 10 segundos agora.
- Lizzie eu vou passar aí na sua casa daqui a meia hora. Se arruma. Tchau.
- Pera! Para quê?!
- Desculpa, mas você eu só tinha 10 segundos, que acabam exatamente agora. – disse e ouvi os irritantes “tu... tu... tu...” do telefone.
Bufei frustrada e deitei minha cabeça no travesseiro. Ainda estava quente e inacreditavelmente mais confortável do que antes. Eu queria dormir, mas simplesmente não consigo depois que levanto. E é por isso que eu odeio que me acordem antes das 9 horas nas férias.
Olhei para a janela, o sol fraco invadindo meu quarto pequeno. Olhei para os pôsteres do Bruno Mars colados na parede do meu quarto e sorri. Aposto que ele nunca interromperia meu sono.
Levantei a contragosto e tomei um banho escaldante. Sequei meu cabelo, coloquei uma calça jeans, botas e uma camada de blusas e um moletom velho do Bob Esponja por cima para esquentar mais. Me lembrei de Justin falando para eu me arrumar e  por isso fiz questão de bagunçar um pouco os fios castanhos de meu cabelo.
Carrie entrou no nosso quarto, com o salto agulha batendo no chão. 
Por que ninguém me escuta? Desde pequena eu digo para internar ela, porque só quem tem algum tipo de problema usa salto agulha na neve. E sim, ela estava na neve, pois seu cabelo estava com alguns flocos quase se derretendo.
- Bom dia! – ela disse, sorrindo de orelha a orelha.
- Bom dia. – eu disse já me virando.
- Vai sair? – ela perguntou um pouco desesperada. Acho que desesperada para ficar sozinha com o noivo dela.
- Vou. – disse ainda de costas.
- Mas eu trouxe café para você...
- Eu odeio café. – me virei. Eu até agradeceria, sabe como é, mas como uma pessoa que mora comigo desde que eu nasci não sabe que eu odeio café?
- Eu também trouxe uns bolinhos... – ela disse aí eu fui com a maior cara de tacho do lado dela, e peguei um bolinho. Sentei na cama vendo o que mais ela tinha trazido, e tinham mais três bolinhos!
Não sei se eram para mim, mas eu enfiei tudo na minha boca antes que ela chegasse. Me preparei para o sermão, de como eu vou morrer gorda e sozinha, mas a vi com um monte de roupas equilibradas saindo do nosso closet.
- Olha Carrie, eu não vou te ajudar porque eu tenho que sair. – disse.
- Quem disse que eu quero a sua ajuda? Elizzie, você que precisa da minha. – ela disse com olhos grandes piscando freneticamente.
- Vai se... – ia dizendo, mas ela me interrompeu.
- Você vai sair com essa roupa? – ela fez cara de nojo.
- Vou. – falei sem paciência.
- Mas é muito infantil, vão pensar que você pegou do guarda roupa da Kelly. – ela disse e quase se jogou nos meus pés para pedir para que ela pelo menos me mostrasse as roupas.
- São suas? – perguntei.
- São. – ela disse. Aí eu me esquivei, e fui até a porta.
- Agradeço, mas não. Valeu pelos bolinhos. – disse e fechei a porta. 
Aonde quer que Justin me leve ele vai passar bastante vergonha. Não que eu esteja feia, mas todas as pessoas normais acham esquisito uma adolescente de 17 anos vestir um moletom de bob Esponja.
- Filha, o Justin está aqui! – ouvi o grito estridente de minha mãe que estava lá embaixo.
Desci as escadas e avistei Justin brincando com Luly. E minha mãe parada ao pé da escada.
- Um cachorro sabe reconhecer o outro, não é Justin? – ele me olhou arqueando as sobrancelhas enquanto eu ria. – Vamos. – ordenei.
Mas antes dele se levantar, minha mãe segurou meu ombro.
- Você vai com essa roupa? – ela perguntou.
- Ahan. – disse impaciente. Aquele negócio da Carrie era contagioso?
- Ok. Mas e seu cabelo? Você não quer que eu faça aquela trana embutida?
Franzi os lábios.
- Mãe – suspirei – não estou mais no primário. Vamos Justin?
Ele se levantou e nós saímos de casa. Nos primeiros passos que dei, escorreguei na neve em frente de casa fazendo Justin rir. Enquanto ele gargalhava, puxei-o para baixo e nós tivemos um ataque de riso. As poucas pessoas que passavam pela rua nos encaravam. Normal. Sempre é assim quando estou com Justin.

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Então meninas, espero que tenham gostado e a continuação SÓ depende de vocês! 8 comentários? Por favor? Espero que me acompanhem aqui, muito obrigada pelo apoio.
Beijos, 
Audrey
 

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